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Pesquisa avalia saúde de motoristas de ônibus em MG

Os resultados da pesquisa realizada com 1,6 mil trabalhadores do transporte coletivo de Belo Horizonte, Contagem e Betim serão apresentados no "Seminário Condições de Saúde e Trabalho dos Motoristas e Cobradores do Transporte Coletivo", no dia 10 de junho, a partir das 8h, no auditório do Ministério Público do Trabalho (Rua Bernardo Guimarães, 1615 – Funcionários).

A demanda da pesquisa, iniciada em 2011, veio do Ministério Público do Trabalho para o Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG. O Sindicato dos Rodoviários de BH, Betim e Contagem e nove empresas de ônibus da Região Metropolitana de Belo Horizonte também foram envolvidos.

De acordo com o levantamento, o cotidiano de trabalho dos motoristas e cobradores é marcado, dentre outros fatores, pela pressão intensa dos passageiros e da responsabilidade que os trabalhadores têm sobre a vida dos cidadãos transportados; Foram identificados estresse provocado pelo trânsito, com congestionamentos, acidentes, além de condições adversas, como o clima e o estado de conservação da pista. Os trabalhadores também relataram ter medo de assaltos, acidentes, morte, doenças e demissão.

Com relação às condições de trabalho, observaram-se horários e jornadas atípicas, além de condições ruins dos veículos. Muitos trabalhadores relataram dobrar o turno de trabalho e reclamaram de frequentemente não receberem o pagamento pelas horas extras trabalhadas.

"Nossos resultados reafirmam a distância entre, de um lado, a reduzida quantidade de protocolos de prevenção e de projetos de melhorias das condições de trabalho dos rodoviários da RMBH; de outro, o adoecimento e a insegurança dos que operam os ônibus. Provavelmente, tal situação esteja refletindo sobre a qualidade dos serviços prestados", avalia Ada Ávila Assunção.

Principais resultados

- Quase 90% dos entrevistados informaram conviver com o trânsito ruim ou muito ruim.

- 14% dos motoristas e 15% dos cobradores informaram distúrbios de sono confirmados, segundo eles, pelo médico.

- Mais da metade dos trabalhadores (53% motoristas; 57% cobradores) referenciou ter vivenciado agressão ou ameaça no trabalho nos últimos 12 meses. Passageiros foram responsáveis por 87% dessas situações vivenciadas.

- 35% dos trabalhadores pensaram em mudar de local de trabalho em decorrência de episódios de agressão ou ameaças vivenciados durante o trabalho.

- Quase metade dos motoristas e 58% dos cobradores informaram sobre a segurança pessoal ameaçada no trabalho.

Doenças

- 44% motoristas apresentaram sobrepeso e 17% obesidade. Entre os cobradores, 33% exibiram sobrepeso e 15% obesidade. Maior no grupo das mulheres, quando comparadas aos homens.

- 31% dos motoristas e 32% dos cobradores relataram três ou mais doenças cujo diagnóstico, segundo os relatos, foi confirmado por médico: perda da audição (16% motoristas, 11% cobradores); doenças de coluna ou costas (24% motoristas, 21% cobradores); gastrite (15% motoristas, 14% cobradores).

- 30% dos motoristas e 22% dos cobradores afirmaram adotar durante a jornada de trabalho (quase sempre ou sempre) posturas que geram dores no corpo.

- 33% dos rodoviários relataram conseguir ajustar o assento de suas poltronas, sendo que 18% não conseguiram fazer sequer um único ajuste.

- 62% e 11% dos motoristas e cobradores, respectivamente, têm improvisado algum revestimento no assento.

- Baixa taxa de vacinação contra hepatite B (30% dos rodoviários não foram vacinados) e contra tétano (12% motoristas e 14% cobradores não foram vacinados).

Metodologia

Os trabalhadores responderam a questionários aplicados nos pontos finais das linhas de ônibus. Também foram realizadas entrevistas em grupo, tendo como alvo os trabalhadores e gestores das empresas. A pesquisa contou ainda com a participação de uma equipe da área de engenharia de produção, que estudou a organização e estrutura dos serviços de transporte urbano e as condições gerais para a circulação, incluindo as condições dos próprios veículos.

Propostas

O relatório da pesquisa aponta que é possível criar uma cultura que concilie os objetivos das empresas e a saúde dos trabalhadores. Para isso, dentre as propostas apresentadas estão: programas e treinamento para gestão de conflitos envolvendo trabalhadores e usuários, além das chefias; adequações ergonômicas nos veículos; e medidas de promoção de comportamentos saudáveis, a exemplo da diminuição do uso do álcool e do tabaco.

Com informações da Assessoria de Imprensa

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